Márcio Muniz, carioca, morador da zona oeste, 43 anos.
Bacharel em administração, pós graduado em gestão de pessoas e gestão de
projetos.
Poeta, contista e romancista. Quatro livros
físicos publicados. Amor, somente amor - um romance que para falar de amor
trata de preconceito social e racial e de como realidades tão distintas podem
estar tão próximas e ao mesmo tempo tão distantes e de como uma pode vir a
interferir na outra; Vida e verso em prosa - poemas de minha juventude;
Microamores - poemas e microcontos; Encontros com o amor - livro de contos
contendo 19 histórias que tratam do primeiro encontro, a primeira vez em que
duas pessoas se veem e algo lhes chama a atenção. Além disso publicou outros
cinco livros em formato E-book, todos de poemas e disponíveis na Amazon (Acesso
restrito; Poemas, utopias e algumas doses de razão; Poemas entre lençóis;
Poemas, paixões e declarações de amor; Poemas e outros tantos sentimentos).
Participou de 38 antologias com gêneros e formas
textuais diversas, sendo que em três delas atuou como antologista. Em 2015
venceu o concurso de poesias do Circuito itinerante de poesias dos bairros
cariocas que prestou homenagem aos 200 anos do bairro de Realengo.
Co-organizador do Sarau Poesia e Arte.
Faz parte da ALUBRA (Academia Luminescência
Brasileira) na qual ocupa a cadeira de número 33 e também da Academia Virtual
de Artes, Letras e Cultura Embaixada da Poesia, na qual recebeu o título de
Embaixador internacional da poesia. Teve um poema fazendo parte da Exposição
Poesia Agora que esteve no Museu da Língua Portuguesa (SP) e nos Centros
Culturais da Caixa (RJ e BA), seu poema sem a letra "i" fez parte da
ala desafio poético. Em 2016 e 2017 participou do encontro de poetas da língua
portuguesa no museu da República no RJ.
8 perguntas para Márcio Muniz
1
– Como é o seu processo criativo?
Resposta:
No começo eu não pensava assim, achava que só queria mesmo escrever, pôr para
fora meus sentimentos. Era mais desabafo que arte, ao menos na minha cabeça.
Porém depois que a gente se embrenha por esses caminhos, conhece tanta gente,
tantos talentos. Então a gente entende que precisa ser mais do que apenas um
poeta ou escritor, que precisa incentivar, divulgar, a si e aos outros. Abrir
espaço, servir de modelo, afinal de contas, todo mundo que escreve e expõe essa
escrita torna-se querendo ou não um formador de opinião. Então, acho que a
resposta para essa pergunta é sim
2
– Alguém influenciou você?
Resposta:
Difícil dizer só um, é como ter que escolher o filho predileto. Cada um tem seu
encanto, mas não existe uma predileção. Mas como tantas coisas vieram daí, vou
dizer que comandar um Sarau fixo foi a melhor das experiências. Dali conheci
muita gente linda por fora e especialmente por dentro. Fiz amigos, ajudei
alguns poetas a terem sua primeira publicação através de uma antologia, vi
talentos desabrocharem. Pessoas vencerem a timidez e virem ao palco declamar
poemas que não eram só poemas, eram histórias de suas vidas. Ver uma pessoa que
declamou pela primeira vez em um sarau que você organiza, lançar um livro em
plena FLIP e te citar no dia do lançamento do seu livro, é por exemplo, umas
das coisas que não tem preço nessa vida.
3
- De onde vêm suas ideias criativas?
Resposta:
Sinceramente não sei. Costumo dizer que quem tem essa sensibilidade é como se
fosse uma antena, é como se captássemos essas coisas no ar. Tudo me inspira,
uma cena, um acontecimento, as vezes uma palavra. Uma vez numa roda de
bate-papo em um evento literário me perguntaram porque eu escrevia. Na lata me
veio a frase: “Escrevo porque senão me engasgo com as palavras e os
sentimentos.
4
- Quando tem uma ideia, você passa logo para o papel ou deixa encubada e vai
criando aos poucos?
Resposta:
Comecei minha vida escrevendo poemas, pensamentos e algumas crônicas, isso tudo
vem meio ao natural. Depois comecei a escrever contos. Via uma cena, por
exemplo, e dali nascia uma história. Quando você se propõe a escrever um
romance a coisa muda de figura e você percebe que o ato de escrever, neste
caso, é 20% inspiração e 80% transpiração. Existe sim nesse caso um trabalho de
pesquisa, de organização, disciplina. Meu único romance publicado veio de uma
cena que eu vi. Estava dentro de um ônibus a caminho do trabalho e ele parou em
um semáforo na zona sul da cidade. Então olhei pelo vidro e vi um menino sujo,
descalço, negro e com certeza pobre, fazendo malabares diante de um carrão
importado para tentar levantar um troco. Vi aquela cena e fiquei pensando em
como dois mundos que estão tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes poderiam
se cruzar. Aí veio a ideia, mas era preciso desenvolvê-la. Pensar num enredo,
os personagens, desenvolver uma trama onde tudo acontecesse e você precisa que
tudo fique o mais verdadeiro possível, a tal da verossimilhança, daí vem um
trabalho árduo.
5
- Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou?
Resposta:
Um trabalho de poesia voltado para crianças e jovens, com toda certeza. Mas
preciso amadurecer a ideia, me capacitar.
6
– O que motiva você a fazer arte na Zona Oeste?
Resposta:
Sabe, fiz algumas visitas a escolas públicas da região. Moro na zona oeste há
mais de trinta anos, estudei minha vida inteira, à exceção da faculdade, em
instituições públicas. E quando você faz uma palestra ou mesmo uma participação
numa semana literária de escola e vê os olhos das crianças brilharem quando te
apresentam como escritor, autor de livros, etc. Isto é coisa que também não tem
preço. Sinto que posso servir de mola propulsora a esses jovens e crianças. Que
eles podem olhar para mim e mesmo o pouco que consegui, possa lhes servir como
farol, incentivo de que eles também podem. Vivemos em um país em que as pessoas
bradam aos quatro ventos que os jovens não gostam de ler e eu acho isso uma
meia verdade. Ainda sim, mesmo que sendo verdade, acho que todos que gostam de
ler ou mesmo de escrever, não podem apenas se lamentar, precisar ser atuantes
para a mudança desta percepção. Se não há leitores, podemos ajudar a forma-los.
7
- Você julga importante a divulgação de sua arte na Zona Oeste?
Resposta:
Como disse antes, servir como modelo, inspiração. Motivar as pessoas a ação.
Sei que quem quer ser espelho tende a ser vidraça e receber pedradas, mas tudo
bem. Esta é uma missão, plantar sementes! Acho que quanto mais pessoas
souberem, conhecerem o meu trabalho, mais longe estarei atirando minhas
sementes. A zona oeste precisa de esperanças, de caminhos. Já somos um celeiro
de talentos, precisamos encontra-los e nos unirmos em torno desses talentos.
Juntos somos mais fortes e chegaremos mais longe. Vamos criar uma rede de apoio
a cultura na nossa região.
8
- Qual a mensagem você gostaria de deixar para os amantes de arte?
Resposta:
Que continuem batalhando por seu talento, tendo esperanças. Sem ciúmes pelo
brilho do outro, pelo espaço conquistado pelo outro. Todos temos nosso público,
nossos papéis não só como artistas, mas como cidadãos, formadores de opinião.
Vamos nos encontrar e nos unir, afinal, o céu noturno é muito mais bonito
quanto mais estrelas nós vemos nele.
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